Em 1894, quando teve início o registro anestésico, o documento era composto por apenas 3 referências sobre os sinais vitais: pressão máxima ou sistólica, frequência cardíaca e temperatura dos pacientes. Esses dados eram tomados e anotados manualmente em folhas e fichas de anestesia. A partir de 1970, com o desenvolvimento e difusão de novas tecnologias a partir da popularização de microchips, como o cardioscópio e o oxímetro, ampliou-se drasticamente o volume das informações captadas dos pacientes. Esse novo cenário passou a exigir ainda trabalho dos profissionais que continuaram a compilar esses dados de forma manual.
Atualmente, foram introduzidos ainda mais equipamentos para monitoramento dos pacientes, como índice bispectral para monitorização da atividade cerebral e monitores de pressão venosa central e débito cardíaco. Quanto maior o nível de monitorização, melhor o acompanhamento do anestesiologista à fisiologia do paciente cirúrgico e, em teoria, maior a segurança do procedimento. Por outro lado, aumenta também a pressão ao profissional anestesista no mesmo espaço de tempo para computar todo esse universo de dados no registro anestésico e, ainda, dividir sua atenção com o mapa do stress cirúrgico.
O documento anestésico é tão completo, que pode-se extrair dele mais de 50 indicadores econômicos das fichas anestésicas, que são importantes para outros núcleos das instituições como gestão, qualidade, CCIH entre outros. O conjunto de registros anestésicos pode nos fornecer além de dados clínicos e assistenciais como:
Contudo, com a baixa adesão à digitalização nas instituições de saúde, tais aspectos acabam se perdendo em folhas e fichas manuais que são arquivadas sem nenhum tipo de análise e avaliação mais criteriosa. Mesmo com a utilização de vários instrumentos eletrônicos nos hospitais, o registro de anestesia ainda permanece manual em muitas organizações, acarretando em:
– problemas de legibilidade;
– falta de controle e avaliação dos dados;
– falhas na gestão para tomada de decisão;
– desproteção legal de profissionais e instituições.
Neste artigo vamos indicar como as instituições de saúde podem realizar de maneira facilitada o registro de anestesia de forma digital e extrair dados relevantes para administração e definição de soluções com mais segurança.
O controle dos diferentes tipos de dados e documentos é essencial para administração e qualificação do atendimento aos pacientes. Com informações específicas é possível avaliar resultados e estabelecer estratégias a partir de bases mais consistentes. Para otimizar a análise desses elementos e ampliar o alcance de resultados é fundamental adotar softwares que possibilitem obter, armazenar e avaliar os dados com segurança e em tempo real.
Na gestão de ficha anestésica, por exemplo, torna-se impraticável examinar manualmente todos os registros gerados em um dia inteiro pelos anestesistas – quanto mais em uma semana ou um mês. Fora a falta de tempo de organizar os dados em tabelas específicas, a comparação manual pode acarretar em erros e na perda de informações, uma vez que a análise isolada de dados não é capaz de gerar conhecimento. Não por acaso, esses são alguns dos motivos que levam muitos gestores a não utilizar os registros anestésicos.
Contudo, como mencionado anteriormente, a ficha de anestesia é o registro mais completo de um hospital, podendo revelar falhas e pontos para aprimoramento de um dos melhores centros de rendimento da instituição que é o centro cirúrgico. Com o uso de softwares e aplicativos específicos de gestão de ficha anestésica os gestores podem extrair relatórios em tempo real de forma simples e facilitada.
Para os anestesistas, o registro digital reduz os riscos de erros na dosagem ou tipo de medicamentos, por exemplo, uma vez que as referências ficam mais legíveis e evidentes em dispositivos móveis, como os tablets. Outra vantagem é a redução do tempo necessário para o registro do procedimento que pode chegar a 40% do tempo de um procedimento cirúrgico. Com um registro facilitado, o anestesista perde menos tempo preenchendo papéis e fica mais tempo cuidando do paciente.
Além da proteção adicional aos pacientes e médicos anestesistas, a gestão de ficha anestésica digital permite avaliar diferentes aspectos sobre os procedimentos cirúrgicos. Um exemplo é a análise dos horários de realização das cirurgias em comparação aos horários pré-marcados, pela qual é possível identificar a frequência de atrasos e falhas recorrentes que diminuem a produtividade e afetam a realização de outros procedimentos médicos.
Com a emissão de relatórios eletrônicos dos procedimentos operatórios, com informações em tempo real, é possível mensurar:
Outro aspecto importante no registro e gestão de ficha anestésica é a ampliação da segurança jurídica às organizações de saúde. Com os documentos digitais, os riscos de má interpretação ou dúvidas relacionados a anotações manuais em possíveis processos judiciais são minimizados – além de diminuir os erros médicos.
De fato, a gestão de ficha anestésica por tablets e dispositivos móveis representa um grande avanço rumo à digitalização e qualificação das instituições de saúde, ampliando a segurança dos anestesistas, médicos e pacientes.
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Sobre:
Diogenes Silva é anestesiologista e CEO da Anestech Innovation Rising, startup que atua com soluções para o controle e registro perioperatório. Na Anestech, desenvolve soluções de gestão de dados anestésicos.
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