Gestão hospitalar

Como a telemedicina aproxima médicos e pacientes e melhora o atendimento

Costumo dizer que a telemedicina é simplesmente medicina com ferramentas que aproximam as pessoas. Nossa experiência com a telemedicina no Hospital Israelita Albert Einstein e, posteriormente, nos projetos junto ao Sistema Único de Saúde, mostra que a telemedicina está cada dia mais presente na vida dos brasileiros.

De fato, a telemedicina é uma realidade que tem apresentado muitos benefícios. Pacientes e profissionais de saúde ganham com a tecnologia aplicada ao setor. Com a pandemia do novo coronavírus, tem-se falado mais sobre o cuidado à saúde a distância, mas esse é um modelo que há anos vem sendo discutido pelo Conselho Federal de Medicina.

A Lei Nº 13.989/2020 possibilitou que a telemedicina passasse a ser realizada no Brasil e hoje somos capazes de utilizar uma plataforma para auxiliar o governo do Estado a monitorar e atender virtualmente pacientes com o novo coronavírus. É possível usar ferramentas como a teleconsulta, o chat e a inteligência artificial para triar os pacientes em razão dos seus sintomas.

Na prática, diferentes ferramentas acopladas em uma plataforma permitem ao profissional de saúde atender os cidadãos onde quer que eles estejam. Nesse post, entenda como esses recursos estão sendo utilizados, como tem sido a resposta dos pacientes e tire suas principais dúvidas sobre a telemedicina.

 

Como a telemedicina funciona e aproxima os médicos dos pacientes

A telemedicina não é uma simples videoconferência entre profissionais de saúde e pacientes, mas uma nova forma de empregar cuidado em saúde que busca a quádrupla meta, segundo o Institute for Healthcare Improvement. Ela está pautada na melhor experiência do paciente, na gestão de saúde populacional, na melhor eficiência operacional e na satisfação do colaborador.

Basta calcular qual o custo e desvantagens de um cidadão que se desloca em uma cidade como São Paulo, indo até o pronto atendimento. A perda do capital produtivo, a emissão de gases poluentes no transporte, o tempo de espera na unidade, além da exposição a diferentes riscos, tornam o atendimento por telemedicina muito mais vantajoso. O paciente tem uma experiência diferenciada, com redução de custos e maior qualidade de vida. 

Dessa forma, a telemedicina é capaz de atender a população com muito mais eficiência, seja em áreas urbanas ou rurais.

Leia também Saúde Pública: Como acabar com as filas e resolver outros problemas de gestão 

 

Digital First: proporcionando a melhor experiência para os pacientes

Nos últimos anos, no Hospital Albert Einstein, focamos no Digital First, isto é, passamos a priorizar a comunicação digital com o paciente e a proporcionar uma melhor experiência on-line. Afinal, ele precisa ter acesso ao médico, estrutura hospitalar, informações de seus exames, agenda etc., sem precisar se deslocar ou entrar em contato com o call center.

Com a visão do Digital First, é possível entender a demanda real do paciente e direcioná-lo para o caminho adequado ou mesmo levar o atendimento domiciliar até ele.

Com o serviço de teledermatologia, por exemplo, foi possível reduzir o tempo de espera de 12 meses para menos de uma semana. Para isso, foram realizadas fotografias das lesões de pele dos pacientes, que foram encaminhados para especialistas já com o diagnóstico realizado por médicos generalistas.

Fluxo de atendimento com especialista no setor público (12 meses de fila) Fluxo de atendimento com teledermatologia (1 semana)

1. Paciente identifica os sintomas

2. Agenda consulta com médico generalista

3. Realiza consulta na UBS

4. Paciente é encaminhado para especialista

5. Recebe ligação para agendamento

6. Agenda consulta com especialista

7. Vai à consulta com especialista

8. Começa o tratamento

1. Paciente identifica os sintomas

2. Agenda consulta com médico generalista

3. Realiza consulta na UBS

4. APP

5. Volta para UBS com orientação (70%)

6. Biópsia (3%)

7. Consulta especializada em dermatologia (27%)

 

Saiba mais sobre Como oferecer uma experiência única na jornada do paciente com teleconsultas

 

Dispositivos tecnológicos que auxiliam o contato à distância com o paciente

Existem muitos dispositivos tecnológicos que podem ser usados pelo próprio paciente para que o médico identifique sinais que fogem à normalidade, mesmo à distância. Por meio desses aparelhos, você pode ver com detalhes as lesões de pele, fundo dos olhos, fazer ausculta cardíaca, aferir pressão arterial, temperatura e muito mais.

Todos esses equipamentos e inovações têm proporcionado aos pacientes um atendimento eficiente no conforto da sua casa. A tecnologia permite estender os nossos braços, os nossos ouvidos e a nossa sensibilidade para aprimorar o cuidado. Ela não afasta as pessoas, não faz com que o médico se refugie no seu consultório e não queira mais ver seus pacientes. Sensibilidade não quer dizer presença. Sensibilidade quer dizer conexão.

Nós precisamos estar sempre conectados com os nossos pacientes e a tecnologia potencializa isso, desde que saibamos identificar o limite e que é preciso encaminhá-los para um atendimento presencial, fazer um exame físico mais acurado ou ainda um novo exame laboratorial. Em outras palavras, os profissionais de saúde têm total habilidade para identificar riscos e a urgência para o tratamento de cada caso. 

Portanto, quando observamos a lógica de um sistema de saúde que quer estar próximo do paciente, que possui recursos tecnológicos de ponta no centro cirúrgico, na UTI e no pronto atendimento, percebemos que a telemedicina está sendo usada para que os profissionais de saúde estejam cada vez mais próximos dos seus pacientes.

Veja a palestra completa do Dr. Eliezer Silva no Pixeon Digital Health

9 dúvidas mais comuns sobre a telemedicina

Espero que este artigo tenha desanuviado as principais questões em torno da telemedicina, mas sabemos que esse é uma tema que ainda causa muitas dúvidas. Por isso, decidimos responder algumas das principais perguntas para ajudá-lo a se familiarizar ainda mais com o assunto.

 

1 – Como funciona a telemedicina?

A telemedicina prevê a oferta de serviços de saúde através de meios de comunicação — telefone, smartphones, aplicativos ou teleconferência, que é mais comum. Portanto, toda a jornada do paciente acontece de forma remota. A consulta, o acompanhamento e a prescrição do tratamento acontecem à distância. Foi isso, aliás, que tornou essa modalidade fundamental durante a pandemia, já que contribui para o isolamento social.

 

2 – Quais os marcos legais da telemedicina no Brasil?

A regularização da Telemedicina no Brasil possui vários marcos. Até a chegada da Covid-19, o que disciplinava o seu uso era a Resolução n° 1.643/2002 do CFM que, no entanto, não contemplava vertentes como a Teleconsulta e o Telediagnóstico. 

Em 2018 foi aprovada a Resolução CFM n° 2.227, porém, devido à polêmica provocada, a norma foi rapidamente revogada. Mas em 2020 o coronavírus chegou ao país e exigiu o distanciamento social como medida de prevenção. Dessa forma, a telemedicina voltou a ser discutida, já que agora era a principal alternativa para garantir acesso à saúde a todos e evitar aglomerações em hospitais e clínicas médicas.

Foi então sancionada a Lei n° 13.989, em 15 de março de 2020, e a Telemedicina tornou-se oficialmente regulamentada em qualquer âmbito da saúde enquanto a pandemia durar.

 

3 – Quais ações são permitidas ao médico, quando do atendimento por telemedicina?

As ações de Telemedicina de interação à distância podem contemplar o atendimento pré-clínico, suporte assistencial, consulta, monitoramento e diagnóstico, tanto no âmbito do SUS, como na saúde privada.

 

4 – Os planos de saúde cobrem os atendimentos à distância?

Sim. De acordo com a nota técnica da ANS, os atendimentos realizados por meio da Telemedicina são de cobertura obrigatória pelos planos de saúde.

 

5 – Quais especialidades conseguem utilizar a Telemedicina?

Todas as especialidades médicas podem utilizar a telemedicina, porém, algumas delas com limitações. Em geral, o atendimento à distância é útil para consultas de retorno, solução de dúvidas, validação de hipóteses diagnósticas e avaliação de exames.

 

6 – É recomendável gravar as Teleconsultas?

Não é obrigatório gravar as teleconsultas, contudo, nós recomendamos por motivos de segurança dos pacientes e para sua própria proteção jurídica. É necessário o consentimento do paciente, e caso ele não autorize, você pode também se recusar a atendê-lo.

 

7 –  Como registrar as informações da consulta?

O ideal é escolher uma ferramenta que siga as exigências de instituições como o CFM, contando com diferenciais como:

  • Termo de consentimento para pacientes;
  • Plataforma exclusiva para consultas médicas integrada ao prontuário eletrônico;
  • Centralização dos dados médicos do paciente;
  • Possibilidade de gravação;
  • Armazenamento na nuvem;
  • Criptografia em nível bancário.

 

8 – É legal e possível prescrever medicamentos e atestados médicos?

Sim. Graças a assinatura digital é possível prescrever medicamentos e elaborar atestados com validade jurídica através da telemedicina. Para isso, você precisa obter uma assinatura eletrônica qualificada — que possui certificado digital emitido por uma Autoridade Certificadora reconhecida pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP Brasil.

Ao receber o certificado, você passa a possuir uma chave única e privada, compartilhando uma chave pública com seus pacientes, que podem ser acessadas por qualquer pessoa. Desta forma, é possível diferenciar com facilidade um documento verdadeiramente assinado pelo médico de uma falsificação ou adulteração.

O processo de autenticação se dá por meio da criptografia assimétrica. Você assina digitalmente o documento ao finalizar a receita para seu paciente, e a farmácia faz a validação no momento da compra.

 

9 – Como escolher uma plataforma de Telemedicina segura?

Atualmente há muitas diversas plataformas no mercado e é preciso ficar atento aos diferenciais oferecidos por cada uma delas. Para ajudá-lo a acertar na escolha, avalie os seguintes pontos:

  • O sistema é seguro?
  • É uma plataforma aprovada?
  • Quais são as suas principais necessidades?
  • Quais requisitos não podem faltar?
  • O suporte é rápido e eficiente?
  • Qual opção deixaria o paciente mais seguro e confortável?
  • Quanto ao prontuário, quais os recursos oferecidos?
  • Quanto a receitas e atestados, a ferramenta oferece recursos?
  • Qual o nível de segurança de dados do sistema?


Com essas dicas, você vai encontrar a solução que melhor atende às suas demandas. 

Quer saber mais sobre telemedicina e os cuidados para prática médica? Então acompanhe as nossas publicações e leia também esse material completo sobre teleconsultas.


Sobre o autor

Eliezer Silva é um dos maiores nomes da telemedicina no Brasil. Médico formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, construiu uma carreira de sucesso em um dos hospitais mais renomados do país, o Hospital Israelita Albert Einstein, onde é Diretor de Medicina Diagnóstica e Ambulatorial e responsável pelos projetos de telemedicina na instituição. É conselheiro da Pixeon e é amante das atividades físicas, da meditação e da música.

Luana

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